segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O Show do ano.

Uma noite pra ficar na memória. Dia 31 de agosto de 2008. Canecão, Rio de Janeiro, após uma bela, porém pouco conhecida e ainda incipiente, apresentação da banda Hydra, as cortinas sublevaram-se e a silhueta da Tarja em sombra aparecia sobre o tecido, um som suave surgia, era irrefutável, Boy And The Ghost, o show da ex vocalista do Nightwish, Tarja Turunen, ao lado do ex Angra, Kiko Loureiro, e de uma banda impecável, estava para começar. A música emocionava a platéia que, exaltada, gritava sem parar. É fato que o público não lotou o Canecão, contudo, pelo preço e a época do ano em que o show aconteceu, foi um bom público, de repente, as cortinas caíram ao meio da música e a Tarja surgia ao lado do Kiko, nesse momento a emoção era faraônica e os nervos foram ao limbo do que se pode chegar, os gritos, percucientes e incessantes, ecoavam por tudo, chegavam a obliterar a própria canção, e assim foi até que, no intervalo de uma das músicas, Kiko deu o ar da graça com um singelo sorriso, e a platéia não perdoou, ovacionou-o sem parar, por vários momentos efêmeros do show, Kiko parecia eclipsar a imagem da Tarja ao palco com sua presença, mas a Tarja estava impecável, seus agudos, os tons, tudo em comunhão, a banda foi um espetáculo à parte. O guiarrista, Kiko Loureiro(Precisa dizer algo mais? Só o nome Angra já repousa em suas costas, ostentando garbo disso), o baterista, Mike Terrana, no metal, está próximo ao topo, exímio de uma forma incrível, fez com que a platéia, boquiaberta, petrificasse diante de seu solo, o baixista, ex Living Color, o Violoncelista não deixou nem um pouco a desejar, a única que parecia ainda estar deslocada da banda, com um misto de pejo e insegurança foi a tecladista, que, após Tuomas Hollopainen, eu esperava que a Tarja fosse contratar alguém à altura. A hegemonia da banda está iminente e a harmonia, inerente, arrisco-me a dizer que – por um momento – cheguei a pensar que o Nightwish era uma banda de meros mortais perto da quantidade de deuses que ali estavam, e as próprias músicas do Nightwish foram eximiamente executadas pela banda, Kiko estava disposto a ensinar a Empu como se faz um solo, e a voz da Tarja, sentia-me ouvindo o CD, pois a emoção e a afinação, não há vernáculo ou frase que vá conseguir definir em palavras a forma com que a Tarja conseguiu reproduzir, ao vivo, algo quase tão perfeito quanto nas gravações de estúdio. O público estava de parabéns, a Tarja repetiu inúmeras vezes que o carinho que o público carioca tinha com ela a tornava romanesca e derretida – e não lhe faltaram “I love you’s” vindo da platéia -, falou frases enormes em português, apresentou os músicos, cantou como uma rainha, e mesmo quando saiu do palco para que seus músicos fizessem um ‘little jam’ instrumental, Kiko não deixou a peteca cair com seus solos ‘maturbativos’e virtuosos. Para a tristeza dos seguranças a Tarja estava afim de ficar, e mesmo após ter prometido o fim do show após a ‘próxima música’, ela voltou para tirar da boca dos seus fãs o gosto agridoce de um show sem seu maior single ‘Die Alive’ e Wishmaster, ainda do Nightwish, e mesmo após o término do show, enquanto era ovacionada como uma deusa, Tarja levantou seu dedo e, com os movimentos de seus lábios já ressequidos, ela perguntou: One more?(Mais uma?)... Nesse momento o ecstasy foi geral e a feição de desgosto dos seguranças que, em pleno domingo queriam estar em suas casas, foi ímpar, e ela arrebentou. Ao fim da noite, a sensação de que esperar mais quatro anos para poder ver a Tarja valeu a pena era inerente e intrínseca a todos, e ainda deu para ‘relar’ a mão no ombro do Kiko quando ele se jogou na platéia, embora os seguranças abespinhados tenham tirado-o abruptamente da mão dos fãs. Depois de uma noite aonde a tempestade de inverno foi a coisa mais esperada por um público tropical carioca, aonde pudemos ver a face setiforme e esbranquiçada da Tarja(Que diga-se, pessoalmente é até bonita) ficou a sensação de ‘eu fui, hoje eu sou completo’. Agora nos resta esperar pelo Nightwish, show esse que também promete esquentar os ânimos. A noite de 31 de Agosto de 2008 valeu a pena. Eu queria agradecer especialmente a minha namorada, pois se não fosse no ímpeto de levá-la, eu não teria ido, e teria perdido um show incrível como o de ontem, principalmente por poder vê-la feliz por estar vendo a Tarja(E seus gritos[!!!]) e por estar com ela nessa hora.